Parece roteiro de filme, mas é só mais um capítulo da já longa novela entre Donald Trump, a Apple e o mercado global. Depois que a gigante da maçã anunciou que vai turbinar a produção de iPhones na Índia, Trump não perdeu tempo e sacou da cartola uma ideia que tem tudo para estremecer as prateleiras (e os bolsos) mundo afora: uma tarifa extra sobre os produtos da Apple fabricados fora dos Estados Unidos.
Mas o que Trump quer, afinal?
De forma bem direta, o ex-presidente — e pré-candidato de novo — quer que a Apple retorne parte da sua produção para solo americano. A justificativa? Aquela clássica cartada nacionalista: gerar empregos nos EUA, fortalecer a indústria local e, claro, agradar seu eleitorado. Mas será que é só isso?
Não é de hoje que Trump usa tarifas como ferramenta de pressão. Na sua gestão anterior, ele travou uma verdadeira guerra comercial com a China. Agora, a Apple vira alvo por escolher a Índia como nova queridinha na produção dos iPhones — decisão que, por sinal, tem tudo a ver com custos mais baixos, diversificação de fornecedores e, claro, fugir justamente de embates como esse com a China.
E quem paga essa conta?
Spoiler: não é a Apple. Sempre que surge uma tarifa, as empresas — na maioria das vezes — repassam o custo para quem? Isso mesmo: o consumidor. Se essa ideia de Trump sair do papel, é bem possível que o preço dos iPhones suba nos Estados Unidos.
E o efeito dominó não para por aí. Países que importam iPhones dos EUA, como o Brasil, também podem sentir no bolso. Afinal, se os custos sobem lá, a cadeia inteira é impactada. A Apple pode tentar absorver parte desse aumento? Pode. Mas historicamente, isso não é lá muito comum.
Pressão ou proteção?
A grande pergunta que fica é: Trump está realmente preocupado com os empregos americanos ou está usando a velha tática do “bate que assusta” para negociar vantagens políticas e econômicas? Olhando para o histórico, há um pouco dos dois.
Sim, o discurso de “trazer empregos de volta” funciona muito bem nas campanhas. Mas não dá pra ignorar que colocar gigantes como a Apple na berlinda também é uma forma de reforçar sua imagem de “defensor inabalável” dos interesses dos EUA — e, quem sabe, arrancar algumas concessões da empresa.
E a volta da produção para os EUA, rola?
Na prática, é muito improvável que a Apple transfira sua produção em massa de volta para os EUA. Os custos de fabricação seriam altíssimos, o que tornaria seus produtos menos competitivos no mercado global. A saída para a empresa, como sempre, deve ser encontrar caminhos para equilibrar essa pressão política com sua estratégia de negócios — que, no fim das contas, tem uma única missão: vender mais, gastando menos.
Enquanto isso, o resto do mundo, incluindo nós aqui no Brasil, assiste de camarote (e de olho na conta!) esse embate que mistura política, tecnologia e muito, mas muito marketing.