Os Enhanced Games são uma proposta de competição esportiva internacional que permite explicitamente o uso de substâncias e tecnologias de aprimoramento de desempenho, como esteroides anabolizantes, hormônios de crescimento e peptídeos. Idealizados pelo empresário australiano Aron D’Souza, os jogos têm estreia prevista para maio de 2026 em Las Vegas, Estados Unidos, e prometem ser uma alternativa aos Jogos Olímpicos tradicionais, desafiando as normas estabelecidas pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e outras entidades reguladoras.
D’Souza e os organizadores defendem que os Enhanced Games representam uma evolução do esporte, permitindo que atletas explorem todo o seu potencial com o auxílio da ciência. A proposta é oferecer uma plataforma onde o uso de substâncias de aprimoramento seja transparente e supervisionado, argumentando que muitos atletas já utilizam tais recursos de forma clandestina. Além disso, os organizadores prometem prêmios financeiros significativos, como US$ 1 milhão por recorde mundial quebrado, e participação acionária na liga para os atletas.
A proposta dos Enhanced Games tem sido amplamente criticada por especialistas em saúde, autoridades esportivas e organizações antidoping. As principais preocupações incluem:
Riscos à saúde: O uso de substâncias como esteroides anabolizantes e hormônios de crescimento pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo ataques cardíacos, distúrbios psiquiátricos e danos reprodutivos. Especialistas alertam que, mesmo com supervisão médica, os riscos são significativos e os efeitos a longo prazo são desconhecidos.
Impacto ético e social: Há preocupações de que os Enhanced Games possam pressionar atletas a utilizarem substâncias para se manterem competitivos, criando um ambiente onde o uso de drogas seja a norma. Isso poderia influenciar negativamente jovens atletas e a sociedade em geral, promovendo uma cultura de aprimoramento artificial.
Desvalorização do esporte tradicional: Autoridades esportivas, como o presidente da World Athletics, Sebastian Coe, criticaram duramente a iniciativa, chamando-a de “absurda” e alertando que atletas que participarem dos Enhanced Games poderão enfrentar longas suspensões em competições tradicionais.
Apesar das críticas, os Enhanced Games têm atraído investimentos significativos de figuras proeminentes do setor tecnológico, como Peter Thiel e Donald Trump Jr. Esses investidores veem os jogos como uma oportunidade de inovação no esporte e uma forma de desafiar as instituições esportivas estabelecidas.
Os organizadores dos Enhanced Games afirmam que todos os atletas passarão por avaliações médicas rigorosas, incluindo exames cardíacos, análises de biomarcadores e sequenciamento genético, para garantir sua aptidão para competir. No entanto, especialistas questionam a eficácia dessas medidas em mitigar os riscos associados ao uso de substâncias de aprimoramento.
Os Enhanced Games representam uma proposta controversa que desafia as normas estabelecidas do esporte internacional. Enquanto os organizadores promovem a iniciativa como uma celebração da ciência e da liberdade individual, críticos alertam para os riscos significativos à saúde dos atletas e os impactos éticos e sociais. A realização dos jogos em 2026 será um teste crucial para avaliar a viabilidade e as consequências de uma competição esportiva que permite explicitamente o uso de substâncias de aprimoramento de desempenho.